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Arquitetos de interiores: Atelier tao+c
- Área: 42 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Fangfang Tian
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Fabricantes: FINE LUMENS, Magis, Modernica, edimass
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizada no térreo de uma antiga casa de fazenda dos anos 1930 construída pelos franceses durante a Concessão Francesa em Shanghai, o projeto trata da reforma de um de seus cômodos, o quarto em forma de U . Assim como muitas outras casas desta época, esta foi originalmente construída e habitada por uma família burguesa, e depois, repartida entre várias famílias que ocupavam cada uma um quarto, enquanto a cozinha e os banheiros eram coletivos. Passados muitos anos de pouca higiene e falta de privacidade, a precariedade dessa situação foi se tornando insustentável até que as famílias, pouco a pouco, se mudaram dali.
O quarto, com 42 m², apresenta uma fachada circular envidraçada que olha para os fundos do jardim e foi construído como a sala de festas dos burgueses, e em seguida ocupado por um casal que viveu décadas neste local e se mudou recentemente.
Como tratar um espaço que, originalmente, tinha apenas uma função, e adequá-lo às necessidades da atualidade é um problema comum de muitos dos espaços remanescentes hoje em dia. Neste projeto os arquitetos do tao+c exploraram o potencial do viver em um só espaço em casal, de modo a incentivar a vida conjunta, mas sem negar a possibilidade de um tempo privativo.
Como resposta, o projeto apresenta uma enorme peça de mobiliário, ou um conjunto de "micro mobília" para organizar o apartamento. Com as paredes originais, as janelas e o teto intactos, forma-se um espaço interno com uma estrutura independente. Construído neste espaço, o mobiliário abriga todos os requisitos funcionais: um chuveiro, uma cozinha, armários, estante para livros, degraus e espaços de estar. A partir de um intenso trabalho de volumetria, e uma densa composição de camadas, o mobiliário cria diferentes nichos e recantos, auxiliando na organização dos espaços e das atividades.
A parte superior desta mobília funciona como um segundo pavimento, o qual acomoda espaços privativos. O colchão é embutido na estrutura para formar o quarto; a mesa é esticada no canto para definir o escritório. Ao abrir o espaço parcialmente, criou-se uma relação aberta entre os dois níveis. Dois caminhos diferentes aumentaram a conexão dos espaços, enquanto uma escada de madeira leva da sala de estar ao quarto, uma escada fina de metal conecta o escritório à sala de jantar.
A interface formada pelas paredes de concreto absorve as áreas molhadas, obtendo, assim, um espaço livre mais solto para as atividades do dia a dia. O quarto com 42 m² se dissolve em uma sala de estar de 11m², uma cozinha com sala de jantar de 20m², um banheiro de 4 m², um hall com armário com 5m², um quarto de 15 m² e um escritório com 4m².
Não há paredes divisórias o que permite a luz a adentrar para o ambiente. A parte térrea tem acabamento com um ladrilho vermelho, comum nos parques de Shanghai, conectando os espaços externos ao interno, e criando um paisagismo que dá continuidade aos espaços externos.
Neste projeto, ao invés da função e do programa dos ambiente serem definidos por pisos e paredes, foi o mobiliário que os delimitou, se tornando quase uma miniatura de arquitetura.